A artista plástica Tomie Ohtake morreu aos 101 anos e nos
deixou muito mais do que esculturas, tinta, quadros. Ela nos deixou a essência
da percepção da vida em forma de arte.
A
dama das artes plásticas saiu de Kyoto, no Japão, e veio para o Brasil em 1936,
para visitar seu irmão, mas acabou ficando por causa da Segunda Guerra
Sino-Japonesa. Tomie conheceu Ushio Ohtake, amigo de seu irmão, e aqui ficou.
Construiu família e uma obra rica, composta d pinturas, esculturas, gravuras e
peças públicas, ao longo de 60 anos. Suas obras seguiram a tendência
abstracionista. A artista não contava uma história com sua arte, ela atingia
a nossa percepção, emanando os sentidos e evidenciando em sua arte a sensação,
e não apenas conteúdo.
Parte dessa essência está espalhada pela cidade, pois, além
das pinturas abstratas feitas nas telas, suas pinceladas se condensaram,
deixaram a superfície plana, e se projetaram pelas ruas.
Tomie estabelece diálogos com o neoconcretismo brasileiro,
representado por artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica, mas, não se pauta
por manifestos ou escolas artísticas, trilhando um caminho próprio. Por isso, a
artista criou uma geometria particular em suas telas, que se aproxima do
neoconcretismo da segunda metade do século 20, definido pela geometria
subjetiva. Ao mesmo tempo, ela se afastou da exatidão das formas ocidentais,
com retas e círculos feitos a partir de instrumentos como régua e compasso. Em
vez disso, compôs formas imprecisas, à mão.
Em 2001 foi inaugurado o Instituto Tomie Ohtake, dirigido
pelo designer Ricardo Ohtake, filho de Tomie. O instituto tem como proposta apresentar
as novas tendências da arte nacional e internacional, além daquelas que são
referências nos últimos 50 anos, coincidindo com o período de trabalho da
artista plástica que dá nome ao espaço.
Tomie estava internada desde 2 de fevereiro, no hospital
Sírio Libanês, com uma pneumonia, e sofreu uma parada cardíaca na terça-feira,
quando seu quadro se agravou. Nesta quinta (12/02), a artista teve um choque
séptico, e faleceu por volta das 12h45. O velório, aberto ao público, foi realizado
na sexta-feira (13/02), no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
Crédito/fonte da foto: Globo, Folha, Revista O Grito, Yahoo, Panomario, R-Mooca e Luxury Lab
Fonte do post: Folha de SP, Veja e James Lisboa escritório de arte