Serpentine Pavilion 2023, idealizado por Lina Ghotmeh, terá pegada reduzida de carbono

A arquiteta nasceu em Beirute, no Líbano, e se naturalizou francesa ao se mudar para Paris
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Serpentine Pavilion 2023, idealizado por Lina Ghotmeh, terá pegada reduzida de carbono

A nomeação de Lina Ghotmeh continua a tradição de longa data do Serpentine Pavilion de destacar nomes jovens e emergentes na prática da arquitetura (Foto: Lina Ghotmeh/Divulgação)

Texto: Naíza Ximenes

29/11/2022 | 17:00 — O Serpetine Gallery Pavilion, uma galeria de arte inglesa com exibição anual que se consagrou como uma das mais importantes do cenário arquitetônico global, anunciou a parceria com a arquiteta Lina Ghotmeh para a concepção da 22ª edição de exposições, que acontecerá entre junho e outubro de 2023. 

A galeria firma parcerias com arquitetos diferentes a cada ciclo, e, para o próximo ano, Ghotmeh divulgou que o intuito é criar uma instalação com pegada reduzida de carbono. Intitulada À Table, expressão francesa que significa “sentar juntos para comer”, a proposta da arquiteta apresenta uma estrutura esguia de madeira com nove pétalas plissadas e sustentadas por nervuras radiais.

Dentro do pavilhão, um anel de mesas e bancos convida os visitantes a entrar, sentar e relaxar, comer ou trabalhar juntos. De acordo com a arquiteta, o espaço modesto e a cobertura baixa fazem com que as pessoas se sintam próximas à terra. 

A estrutura é sustentada por colunas finas de madeira laminada, que, juntas, formam uma passarela protegida ao redor do pavilhão. O espaço interior é separado do exterior através de telas de vidro translúcido, que, além de iluminar o ambiente central, é coberto por uma membrana elástica que impede a entrada da chuva.

A escolha do vidro também foi idealizada para minimizar ao máximo a pegada de carbono. Para isso, as telas serão feitas de vidro reciclado com baixo teor de carbono, uma tecnologia desenvolvida pela Saint-Gobain. Seguindo esse conceito, a madeira será laminada folheada, ou madeira microlaminada (LVL) — um material eficiente que permite uma estrutura mais esbelta em comparação com a madeira laminada cruzada (CLT), que costuma ser mais utilizada. As conexões também serão projetadas para facilitar a desmontagem.

A proposta tem o intuito de representar uma intervenção sutil e modesta nos Kensington Gardens, em contraste com outros pavilhões instalados ao longo dos anos. Inspirada na natureza e ecoando a paisagem adjacente, a ideia de união e comunidade ocupará o centro da arquitetura de Ghotmeh.

“À table é um convite a conviver no mesmo espaço e à volta da mesma mesa. É um encorajamento para entrar em diálogo, para convocar e pensar sobre como poderíamos restabelecer nossa relação com a natureza e com a Terra”, afirma Lina Ghotmeh See More, arquiteta nascida em Beirute, no Líbano, e naturalizada francesa.

Ela conta, ainda, que o projeto foi desenvolvido a partir da pesquisa da tipologia de locais de encontro comunitário, como as cabanas toguna do povo Dogon, no Mali. Em sua carreira profissional, Ghotmeh ganhou reconhecimento internacional por uma série de projetos, incluindo o Edifício Residencial Stone Garden em Beirute, Líbano, projeto exposto na Bienal de Veneza de 2021. 

O escritório Lina Ghotmeh — Architecture é reconhecido por seu compromisso com a sustentabilidade, ao mesmo tempo em que traz uma abordagem materialmente sensível para seus projetos. As obras levam em consideração as condições sociais, ambientais e materiais, ao mesmo tempo em que adotam uma abordagem aprofundada, realizando pesquisas sobre a história da localização, tipologias, materiais, recursos e hábitos dos usuários.

A nomeação de Lina Ghotmeh continua a tradição de longa data do Serpentine Pavilion de destacar nomes jovens e emergentes na prática da arquitetura. O pavilhão do ano passado, Black Chapel, foi projetado pelo artista de Chicago Theaster Gates com o conceito de interligar arquitetura e música e enfatizar explorações artísticas de sons e hinos monásticos. Edições anteriores viram instalações como o “símbolo de união” de Francis Kéré, a “colina rochosa” de Junya Ishigami, e a “parede descomprimida” de BIG.

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