Redação Galeria da
Arquitetura
Faz parte da rotina do arquiteto buscar inspiração
para criar suas obras – o que inclui a constante formação que o profissional absorve
e transforma em projeto. Igualmente importante é a pesquisa de repertório,
sobretudo dos estilos e ideias que marcam o legado de seus antecessores.
Neste post, oito arquitetos brasileiros de renome – Sidonio Porto, Marcio Kogan, Monica Drucker,
Marko Brajovic, Clara Reynaldo, José Ricardo
Basiches, Mario Biselli e Marcelo Ferraz – falam sobre suas
experiências e apontam quais colegas mais admiram, além de revelar as influências
que seguem na concepção de seus projetos.
A herança do
modernismo
Sidonio Porto
inspira-se na força e leveza do simbolismo formal de Oscar Niemeyer, e em outros nomes do movimento moderno. “Se observarmos
a evolução da arquitetura veremos que até hoje se mantêm presentes os valores
do modernismo do século 20, criados
por Wright, Mies, Corbusier,
Louis Khan, Marcel Breuer, Gropius e Gordon Bunshaft”, explica.
Discípulo do modernismo brasileiro, Marcio
Kogan, do studio mk27, revela quem são seus mestres: “Lucio
Costa, Niemeyer – pela poesia da vida –, o genial Affonso Reidy, Rino Levi, Vilanova Artigas – por sua incrível obra arquitetônica e
educacional da FAU/USP –, e a melhor arquiteta da história, Lina Bo Bardi. Além deles, o mais recente e genial Paulo Mendes da Rocha”.
Reprodução
Galeria da Arquitetura. Projeto Casa Redux, studio mk27, Foto: Fernando Guerra
Monica Drucker, do escritório Drucker
Arquitetura, folheava, desde a infância, os livros de Mies Van Der Rohe, e se encantava com a obra do autor. “Ele nos
coloca um parâmetro visual bastante claro e nítido entre o espaço construído e
o entorno”, destaca.
Divulgação
Drucker Arquitetura. Projeto Makenna Resort. Drucker Arquitetura, Foto: Leonardo
Finotti
Simples, porém, único
A natureza é a
inspiração de Marko Brajovic, titular do Atelier Marko Brajovic, por qualidades como sutileza, otimização de
superfícies, self-organization e
estruturas em crescimento. “Ela é uma arquiteta de
quase quatro bilhões de anos”, sintetiza.
Clara Reynaldo, sócia-fundadora do
escritório CR2 Arquitetura,
conta que sua influência principal vem da obra do arquiteto japonês Sou Fujimoto. “Me inspiro pelo modo
como ele pensa os espaços de uma forma completamente diferente da cultura
ocidental”, explica.
Divulgação
CR2 Arquitetura. Projeto Casa de Vila II, CR2 Arquitetura, Foto: Fran Parente
Sentido e virtudes arquitetônicas
A essência do espaço arquitetônico é o que guia José Ricardo Basiches, titular do
escritório Basiches Arquitetos Associados. Ele se inspira em John Pawson e Tadao Ando.
“Os dois têm uma linguagem que admiro muito, como a busca pela perfeição, pelo
detalhe e pelo significado que a obra pode nos trazer”, ressalta.
Mario Biselli, sócio do Biselli e Katchborian Arquitetos Associados, tem inspiração em diversos profissionais, mas somente
um é chamado por ele de mestre: Renzo
Piano. “Em suas obras, todo o processo de projeto e construção é muito
claro e didático, desde a definição do partido
até os menores detalhes, nos quais o autor mostra o que realmente significa
virtude”, avalia.
O rol do anonimato
Reprodução
Galeria da Arquitetura. Projeto Praça das Artes, Brasil Arquitetura, Foto: Nelson
Kon
Influenciado por Alvar Aalto, Louis Khan, Sverre Fehn
e Lina Bo Bardi, o paulista Marcelo
Ferraz, diretor do escritório Brasil Arquitetura,
revela que suas fontes não são de inspiração, mas de reflexão, inteligência,
técnica e poética. Ele acrescenta à sua lista os arquitetos anônimos, ou
seja, “aqueles que produzem e produziram suas próprias casas e cidades
exemplares ao longo da história da humanidade, em todo o planeta”, sintetiza.
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