Marina é a primeira pessoa de um país em desenvolvimento a ser contemplada pelo prêmio (Foto: dezeen/Reprodução)
Texto: Naíza Ximenes
08/08/2022 | 17:16 — A arquiteta Marina Tabassum, de Bangladesh, foi eleita a vencedora da edição de 2022 do Prêmio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp. A premiação procura reconhecer escritórios ou profissionais cujo trabalho tenha impacto na forma de pensar a arquitetura atualmente. A edição deste ano teve como tema a Terra, procurando por expressões de território, urbanizações, paisagens e pertencimento.
Marina é a primeira pessoa de um país em desenvolvimento a ser contemplada pelo prêmio, já que, até então, os vencedores eram estadunidenses, franceses, britânicos, italianos e portugueses.
O júri internacional responsável pela escolha foi composto por Cristina Veríssimo (Portugal), Diogo Burnay (Portugal), N’Goné Fall (Senegal), Yael Reisner (Israel) e Zhang Ke (China). Eles alegaram que Marina desenvolve “projetos de arquitetura sustentável baseados num conhecimento profundo das adversas condições de Bangladesh, de materiais enraizados na história e de soluções arquitetônicas rudimentares, mas contemporâneas, que se adaptam às baixas condições de vida dos habitantes do país.”
Eles destacam que “o trabalho singular desenvolvido por Marina Tabassum a partir de Bangladesh toca os fundamentos elementares do espírito da arquitetura sem perder de vista as suas responsabilidades e potencial impacto. Ele prova que profissionais desta disciplina podem enfrentar a crise climática e contribuir para o desenvolvimento social de forma criativa, atenta e inspiradora”.
A obra de Marina aborda, principalmente, habitações coletivas e planos diretores municipais. Entre os destaques, está a premiada Mesquita de Bait Ur Rouf, em Daca, construída ao longo de 12 anos com um orçamento reduzido. Segundo a arquiteta, ela “questiona a tipologia típica do local de culto, incorporando outras funcionalidades (sala de reuniões, escola e parque infantil), para conseguir responder a mais necessidades de uma comunidade da periferia de Dhaka”. Para a sua construção, Marina privilegiou “a utilização de materiais acessíveis como o tijolo de barro”.
Para eleger o vencedor do Prêmio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp, a seleção é dividida em duas etapas:
1. Na primeira, mais de 30 profissionais de renome mundial são convidados a sugerir, cada um, três nomes que considerem merecedores deste reconhecimento. Foram eles: Alice Rawsthorn, Ana Dana Beroš, Bekim Ramku, Carlos Mínguez Carrasco, Chuka Ihonor, David Basulto, Denise Scott Brown, Ethel Baraona Pohl, Eve Arpo, Fabrizio Gallanti, Hanna Dencik Petersson, Herbert Wright, Jimenez Lai, Joanna Wasko, Josephine Michau, Julija Reklaitė, Marina Otero Verzier, Martynas Germanavičius, Matevž Čelik, Mimi Zeiger, Nathalie Weadick, Olamide Udoma-Ejorh, Paul Preissner, Paula Nascimento, Saimir Kristo, Sevra Davis, Shumi Bose, Sini Parikka, Taro Igarashi, Vera Sacchetti, Victoria Thornton e Zahra Ali Baba.
2. Na segunda etapa, todos os nomes são entregues ao júri, que é responsável pela decisão final.