Arquitetos brasileiros são premiados com menção honrosa a projeto realizado no Senegal

O projeto de Mário Rubem Costa Santana e Rafael Lamary Silva Santos consiste em uma casa de acolhimento infantil
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O concurso foi promovido pela organização Kaira Looro, que buscava por novos talentos entre estudantes e jovens arquitetos (Foto: Mário Rubem Costa Santana e Rafale Lamary Silva/Divulgação)

Texto: Naíza Ximenes

15/07/2022 | 16:59 — Os arquitetos brasileiros Mário Rubem Costa e Rafael Lamary Silva Santos venceram o concurso Children’s House in Africa, com menção honrosa ao seu projeto. A dupla, que desenhou uma casa de acolhimento infantil no Senegal, optou pela idealização de uma estrutura adaptada para a área rural, marcada pela simplicidade e sustentabilidade. 

O concurso foi promovido pela organização Kaira Looro, que buscava por novos talentos entre estudantes e jovens arquitetos. Os concorrentes deveriam propor um “espaço destinado à prevenção da desnutrição infantil” na África Subsaariana, de forma que aplicassem modelos arquitetônicos sustentáveis em escala humanitária, com o intuito de aprimorar as condições de vida em países em desenvolvimento. 

(Foto: Mário Rubem Costa Santana e Rafale Lamary Silva/Divulgação)
Assim, a dupla brasileira optou por um ambiente que fosse acolhedor e habilitado para solucionar quaisquer adversidades. “Nós buscamos interpretar as necessidades definidas e criar uma proposta horizontalizada. Elas deveriam conter algumas formas abertas, mas devidamente contidas, que pudessem gerar uma ambiência leve e ao mesmo tempo permeável, onde as crianças pudessem se deslocar livremente”, afirmam Mário e Rafael.

Eles contaram que a simplicidade é a principal característica do projeto. Isso porque a estrutura evita a multiplicação de pilares em um espaço pequeno, utilizando os apoios naturais das paredes como base. Esse posicionamento favorece, ainda, a circulação de ar e a climatização da construção através da cobertura flutuante, aliada às reentrâncias verticais laterais, que contrastam com a horizontalidade da edificação. 

As reentrâncias, bem como os muros vazados, também contribuem para que o olhar atravesse todo o ambiente, proporcionando uma sensação de permeabilidade, leveza e ventilação ao conjunto. Já na porção exterior da obra, também foi adicionado um espelho d’água — para atuar como um elemento de climatização e estética no pátio.

(Foto: Mário Rubem Costa Santana e Rafale Lamary Silva/Divulgação)
O espaço principal, de desenvolvimento de atividades lúdicas com as crianças, será semicoberto e aberto nos lados para demonstrar proteção, liberdade e fluidez. De forma geral, a casa de acolhimento adotou cercas de bambus que separam os espaços internos, madeira local para sustentar a cobertura e folhas de zinco para a proteção dos ambientes — estratégias que visam a sustentabilidade como parte fundamental do projeto.

Quanto ao uso de materiais, o intuito foi mesclar produtos naturais já existentes, que pudessem dar longevidade à obra — como terra, areia, palha, bambu, madeira local, folhas de zinco, cascalhos, areia e lateritas —, com produtos artificiais verdadeiramente necessários em uma construção — como blocos de concreto, vigas de concreto armado e o próprio cimento.

Assim, o processo de construção partiu de uma fundação, feita com laje de concreto em plataforma sobre o solo de adobe, cascalho e laterita compactados. Sobre a fundação, foram adicionadas linhas estruturais em concreto armado, para dar suporte às paredes e, como acabamento, uma camada plana de cimento queimado.

As paredes, por sua vez, foram construídas em blocos de cimento e revestidas com a mistura de areia, terra, cimento e fibras. Quando prontas, foram amarradas por leves vigas de concreto armado, que também serviram de suporte para a cobertura. Por fim, a cobertura foi estruturada com pau-rosa, permitindo ventilação com melhor climatização interna.

O júri da competição era composto por Kengo Kuma, Mario Cucinella, Benedetta Tagliabue e Mphethe Morojele.
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