
Em regiões muito frias, é
possível utilizar paredes com grande inércia, que retenham o calor do sol
durante o dia e o dispersem lentamente para o interior da construção no período
noturno (Foto: November27/ Shutterstock)
Texto: Yuri Mulato
O planejamento e a execução de
qualquer projeto de arquitetura devem considerar diferentes vertentes,
tais como: orientação solar; condições geográficas e topográficas; paisagem; entorno
da região onde o empreendimento será construído, entre outras.
Pensar cuidadosamente nesses fatores
é essencial para a vida útil da edificação. Especialmente em locais onde as condições
climáticas são extremas. Sendo assim, arquitetos e urbanistas precisam
elaborar projetos compatíveis a várias situações de intempéries e a mudanças
climáticas bruscas.
COMO PROJETAR NO FRIO E NO
CALOR
Renato Dal Pian, arquiteto e sócio-fundador
do escritório
Dal Pian Arquitetos, orienta o seguinte: ao iniciar uma obra nas condições
citadas acima, um dos primeiros passos é se atentar às “diretrizes” da região –
principalmente ao conforto térmico.
“A grande maioria dos países, em
função de suas condições geográficas, climáticas e culturais, possui normas de
desempenho e regulamentações que parametrizam algumas ações e decisões de
projeto. O entendimento e a compreensão disso tudo é o ponto de partida para concretizar
o trabalho”, afirma Dal Pian.
Ainda de acordo com o arquiteto,
em regiões de clima quente e seco, o projeto deve priorizar a ventilação
natural cruzada, a proteção solar, o uso de materiais de vedação e o acabamento
com alta capacidade de isolamento térmico, principalmente em coberturas
e fechamentos perimetrais.
Já nas regiões onde o frio é
intenso, é possível utilizar paredes com grande inércia, que retenham o calor
do sol durante o dia e o dispersem lentamente para o interior da edificação no
período noturno.
Outra opção, de acordo com Dal
Pian, é utilizar paredes externas duplas, preenchidas com algum isolante
térmico, como lã mineral (de rocha ou de vidro) em fibras de
celulose e placas de EPS (poliuretano expandido).
“Sempre que possível, o uso de equipamentos
mecânicos – como ar-condicionado, exaustão e sistemas de aquecimento – deve ser
considerado como complemento, não como única solução para as adversidades do
clima”, completa.
EXECUÇÃO DA OBRA
De acordo com Claudio Inserra, arquiteto líder e associado do escritório Königsberger
Vannucchi, é preciso organizar as várias fases da obra, levando em
consideração o clima e a temperatura, além dos materiais a serem utilizados,
pois o comportamento ao frio e ao calor precisa ser avaliado na etapa de
planejamento.
“O concreto, por exemplo,
precisa de temperaturas entre 5°C e 35°C. Mesmo assim, as épocas de chuvas
podem deixar os materiais demasiadamente úmidos, enquanto o calor extremo pode secá-los
muito rapidamente”, diz Inserra.
Segundo ele, o ideal é sempre
começar as obras em épocas com pouca chuva. Etapas como terraplenagem e
fundações devem preferencialmente ser realizadas em períodos de estiagem,
pois a execução pode ser melhor em terrenos secos, assim como a impermeabilização.
O atraso no cronograma pode
acontecer a depender da fase da obra e da época do ano. Depois da execução das lajes
ou da cobertura, as obras continuam regularmente sem maiores
interrupções por conta das condições climáticas. Afinal, é importante que os trabalhos
de alvenaria interna, instalações e acabamento sejam protegidos da água.
“Paredes, painéis ou elementos
estruturais verticais escorados devem evitar os períodos de temporais e ventos
intensos que podem ser danosos, caso estejam em processo de construção e
montagem”, finaliza o titular do Dal Pian Arquitetos.