Como planejar e executar projetos em áreas com clima extremo

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Em regiões muito frias, é possível utilizar paredes com grande inércia, que retenham o calor do sol durante o dia e o dispersem lentamente para o interior da construção no período noturno (Foto: Emil Jarfelt / Unsplash)

Texto: Yuri Mulato

O planejamento e a execução de qualquer projeto de arquitetura devem considerar diferentes vertentes, tais como: orientação solar; condições geográficas e topográficas; paisagem; entorno da região onde o empreendimento será construído, entre outras.

Pensar cuidadosamente nesses fatores é essencial para a vida útil da edificação. Especialmente em locais onde as condições climáticas são extremas. Sendo assim, arquitetos e urbanistas precisam elaborar projetos compatíveis a várias situações de intempéries e a mudanças climáticas bruscas.

COMO PROJETAR NO FRIO E NO CALOR

Renato Dal Pian, arquiteto e sócio-fundador do escritório Dal Pian Arquitetos, orienta o seguinte: ao iniciar uma obra nas condições citadas acima, um dos primeiros passos é se atentar às “diretrizes” da região – principalmente ao conforto térmico.

“A grande maioria dos países, em função de suas condições geográficas, climáticas e culturais, possui normas de desempenho e regulamentações que parametrizam algumas ações e decisões de projeto. O entendimento e a compreensão disso tudo é o ponto de partida para concretizar o trabalho”, afirma Dal Pian.

Ainda de acordo com o arquiteto, em regiões de clima quente e seco, o projeto deve priorizar a ventilação natural cruzada, a proteção solar, o uso de materiais de vedação e o acabamento com alta capacidade de isolamento térmico, principalmente em coberturas e fechamentos perimetrais.

Já nas regiões onde o frio é intenso, é possível utilizar paredes com grande inércia, que retenham o calor do sol durante o dia e o dispersem lentamente para o interior da edificação no período noturno.

Outra opção, de acordo com Dal Pian, é utilizar paredes externas duplas, preenchidas com algum isolante térmico, como lã mineral (de rocha ou de vidro) em fibras de celulose e placas de EPS (poliuretano expandido).

“Sempre que possível, o uso de equipamentos mecânicos – como ar-condicionado, exaustão e sistemas de aquecimento – deve ser considerado como complemento, não como única solução para as adversidades do clima”, completa.

EXECUÇÃO DA OBRA

De acordo com Claudio Inserra, arquiteto líder e associado do escritório Königsberger Vannucchi, é preciso organizar as várias fases da obra, levando em consideração o clima e a temperatura, além dos materiais a serem utilizados, pois o comportamento ao frio e ao calor precisa ser avaliado na etapa de planejamento.

“O concreto, por exemplo, precisa de temperaturas entre 5°C e 35°C. Mesmo assim, as épocas de chuvas podem deixar os materiais demasiadamente úmidos, enquanto o calor extremo pode secá-los muito rapidamente”, diz Inserra.

Segundo ele, o ideal é sempre começar as obras em épocas com pouca chuva. Etapas como terraplenagem e fundações devem preferencialmente ser realizadas em períodos de estiagem, pois a execução pode ser melhor em terrenos secos, assim como a impermeabilização.

O atraso no cronograma pode acontecer a depender da fase da obra e da época do ano. Depois da execução das lajes ou da cobertura, as obras continuam regularmente sem maiores interrupções por conta das condições climáticas. Afinal, é importante que os trabalhos de alvenaria interna, instalações e acabamento sejam protegidos da água.

“Paredes, painéis ou elementos estruturais verticais escorados devem evitar os períodos de temporais e ventos intensos que podem ser danosos, caso estejam em processo de construção e montagem”, finaliza o titular do Dal Pian Arquitetos.

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