Retrofits preservam prédios históricos de São Paulo

Saiba mais sobre as intervenções que modernizaram e trouxeram novos usos aos edifícios Martinelli, Marília, MAC e Red Bull Station, localizados em São Paulo
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Projeto Red Bull Station,
por Triptyque – Foto: Pedro Kok

Redação Galeria da Arquitetura

Como berço de construções antigas, São Paulo possui diversos prédios
históricos
que já passaram por retrofits. Conheça alguns bons exemplos e saiba
quais foram os principais desafios que os arquitetos responsáveis enfrentaram
durante todo o processo – do papel à construção! 

Edifício Martinelli                                                                                                                                Centro, São Paulo

O Edifício
Martinelli – primeiro arranha-céu da cidade, construído em 1929 – é tombado
pelo patrimônio histórico. Escolhido para sediar a Secretaria de Licenciamento,
deveria abrigar cerca de 600 funcionários n
os cinco últimos
andares e no oitavo pavimento
. Para isso, foi necessário implantar uma série de melhorias
de modo a garantir que os funcionários trabalhassem em boas condições – tudo
sem que houvesse interrupção do trabalho.

Uma das exigências do retrofit era a preservação das fachadas e da
volumetria do edifício. 

Projeto
Edifício Martinelli, por Paulo Lisboa – Foto: Ana Mello

Outra demanda era a implantação de um projeto luminotécnico. Segundo Paulo Lisboa, arquiteto responsável
pelo projeto, ele equacionou baixo custo, qualidade e eficiência luminosa, além
de destacar algumas das principais características dos espaços internos: o
vigamento quadriculado e os planos de forro com cimalhas.

Os layouts também foram redesenhados de forma a oferecer mais
flexibilidade aos ambientes. “Espaços abertos e transparentes conciliam
diferentes atividades, desde a análise de projetos complexos ao atendimento ao
público”, comenta.
 

Projeto
Edifício Martinelli, por Paulo Lisboa – Foto: Ana Mello

Marília
Jardins, São Paulo

“A cada visita a casa nos convencia mais de que deveríamos
preservá-la. Esse foi o motivo da opção pelo retrofit, descartando a ideia da
demolição”, conta o arquiteto responsável pelo projeto
Lula Gouveia, do Superlimão
Studio
.

A “sobrevivente” transformou-se em um diminuto edifício
comercial e, para tanto, ganhou piso elevado, iluminação, shaft de instalações e ventilação
natural, que quase anula o uso do ar condicionado. Para sustentação, foram
utilizadas
estruturas metálicas modernas e reaproveitadas de
ferro fundido, que já existiam.  

Projeto Marília, por Superlimão Studio – Foto: Maíra
Acayaba

O reaproveitamento da estrutura e dos materiais, inclusive, norteou
a obra. Telhas foram quebradas e tornaram-se revestimentos para o piso externo,
e estruturas externas viraram mobiliário. As madeiras do assoalho e do telhado foram
mantidas, bem como os ladrilhos hidráulicos encontrados em muitos dos pisos que
não são mais comercializados.

“O dinheiro que seria gasto com materiais novos foi
revertido em mão de obra específica, muito necessária nesse tipo de construção.
Além de alocar parte da renda na mão do trabalhador e não apenas nas empresas
fornecedoras de material, pessoas que já estão aposentadas puderam fazer parte
do desenvolvimento, uma vez que exerceram um ofício na época primordial para a
concepção do prédio”, destaca Gouveia. 

Projeto Marília, por Superlimão Studio – Foto: Maíra
Acayaba

MAC
USP, São
Paulo

A transformação do prédio que abrigava o Departamento
Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) – conhecido como antigo Pavilhão
da Agricultura 2 – no novo Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP) exigia
um retrofit delicado e muito cuidadoso.

“Por se tratar de uma obra de arquitetura contemporânea não foi
necessária a utilização de técnicas tradicionais de restauro, e sim um respeito
às propostas originais de Oscar Niemeyer”, ressalta
José Borelli Neto, do Borelli & Merigo.O maior desafio foi adaptar o edifício ao
novo uso (MAC) e atender à legislação de acessibilidade e segurança”,
complementa o arquiteto. 

Projeto
MAC, por Borelli & Merigo – Foto: Marcos O. Costa

Entre as medidas de atendimento às normas está a implantação dos
supermodernos sistemas de climatização, segurança e combate a incêndios. Neto
conta, também, que foram instaladas torres de escadas de segurança e novos
elevadores, posicionados de forma a não interferir na fachada principal – esta recebeu
os quebra-sóis que estavam no projeto original e que nunca foram colocados.

Em paralelo ao novo, o tradicional deveria ser mantido. “Os órgãos de
patrimônio exigiam que as pastilhas da fachada e os vidros aramados dos
peitoris fossem originais. Tivemos que recorrer aos fabricantes que os
produziram iguais aos da época”, finaliza Borelli. 

Projeto
MAC, por Borelli & Merigo – Foto: Marcos O. Costa

Red Bull
Station

Centro, São Paulo

Fincado em um nó de cruzamentos próximo à Praça da Bandeira, o Red Bull
Station é um respiro cultural. O museu – que segue o molde internacional de
espaço colaborativo/ socioeducativo, e não apenas expositivo – ocupa um prédio
histórico que ficou abandonado durante anos.

Interessada em fazer parte da revitalização do centro de São Paulo, a Red
Bull convidou os arquitetos do
Triptyque Architecture para comandar um retrofit que mudasse
completamente a função do espaço. “Mais que uma restauração do patrimônio da
cidade
, a Station traz um novo ponto de encontro, de cultura, de sociabilidade,
de criação; e tudo de graça”, declara Margaux de Noiron, gerente de comunicação
do escritório.
 

Projeto Red Bull Station,
por Triptyque – Crédito: Pedro Kok

Dividido em quatro andares, o programa foi readaptado para receber instalações
funcionais. Encantados com a história do partido, os arquitetos optaram por
retirar apenas a casca do revestimento interno, preservando a pintura velha, o concreto
aparente e as marcas que passam longe da perfeição estética, mas que preservam
as memórias do local. Também usaram concreto velho, metal e concreto bruto para
complementar.

Uma marquise de metal – que cumpre a função prática de captar águas
pluviais –, foi adicionada ao deck, destoando do entorno e causando um estranhamento
proposital que gera curiosidade e convida os transeuntes a entrar. 

Projeto
Red Bull Station, por Triptyque – Foto: Pedro Kok



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