Casa
Solar da Serra, por 3.4
Arquitetura – Foto: Joana França
Redação Galeria da Arquitetura
Projetos de casas pequenas demandam certo cuidado adicional dos arquitetos. Afinal, inserir um programa com conforto e funcionalidade em uma metragem reduzida exige muita criatividade. Garantir a sensação de amplitude e aproveitar cada centímetro do imóvel são alguns dos obstáculos a serem vencidos.
Para entender quais são os principais cuidados que esse tipo de projeto demanda, conversamos com os arquitetos Fabrizio Lenci, do vapor 324, Diogo Santos, do 3.4 Arquitetura, e Diego Morera, do MAPA (MAAM+Studio Paralelo). Confira as dicas:
Entenda a necessidade de cada cliente
Para Lenci, o primeiro passo é definir quais ambientes são imprescindíveis e quais podem ser descartados do projeto arquitetônico. “Em um apartamento de 60 m², não há necessidade de dois banheiros”, afirma. No entanto, a proporção e o tamanho de cada área dependem das preferências dos moradores. Com isso em mente, é importante priorizar locais onde eles passam a maior parte do tempo.
Morera concorda: “conhecer as necessidades do cliente é fundamental, pois em um espaço reduzido, somente a personalização proporciona sentimento de domínio e vínculo com o projeto. Trata-se de otimizar ao máximo, descobrir o essencial e priorizá-lo”. Foi o que aconteceu na casa MINIMOD, de apenas 27 m². “Ao distribuir os espaços, privilegiamos as áreas de convívio, que são as mais utilizadas, compactando as de serviço.”
Casa
MINIMOD, por MAPA
(MAAM+Studio Paralelo) – Foto: Leonardo Finotti
Segundo Santos, existem três esferas diferentes em uma mesma casa: social, íntima e de serviços. Em um projeto com pouco espaço, vale sobrepor algumas destas esferas, para resultar em uma construção prática, versátil, dinâmica, funcional e ampla visualmente.
Uma solução seria diminuir as barreiras físicas entre os ambientes, quebrando paredes entre sala e cozinha, por exemplo. Essa medida foi adotada no projeto Apêrol, do vapor 324, que eliminou corredores e alvenarias divisórias que existiam entre os cômodos, garantindo maior integração espacial para a casa. No entanto, a solução prescinde de uma avaliação estrutural minuciosa, para que nenhuma parede estrutural seja retirada.
Apêrol,
por vapor
324 – Foto: Leonardo Finotti
Morera ainda sugere criar espaços singulares e, ao mesmo tempo, multiuso. “Projetar cômodos que podem ter usos variáveis é essencial. Assim, a casa ganha personalidades distintas, dependendo do momento”, conta.
Grandes aberturas
O arquiteto Santos comenta que os espaços de uma casa não se restringem, necessariamente, a seus limites construtivos. Por isso, utilizar aberturas amplas para o jardim ou para os espaços externos, como varandas e decks, possibilita a ampliação visual e psicológica dos ambientes internos. “Uma casa de dimensões reduzidas deve aproveitar cada metro quadrado existente e utilizar-se da sensação de ampliação espacial”, explica, e acrescenta que adotar espelhos também é um caminho para ganhar amplitude.
Como exemplo oportuno dessas soluções, a Casa Solar da Serra, concebida por 3.4 Arquitetura, é constituída por um prisma de concreto com portas deslizantes nos dois lados da edificação. Quando elas se abrem, o volume se confunde com a paisagem.
Mobiliário
Ao pensar no espaço mínimo, Morera esclarece que o desenho do mobiliário é obrigatório, pois é parte indissociável à arquitetura de interiores. “Promover uma decoração adequada, mínima, precisa e potente é extremamente importante em casas pequenas”, conclui.
Casa
Solar da Serra, por 3.4
Arquitetura – Foto: Joana França