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Redação Galeria da Arquitetura
Professor é aquele que ensina, orienta e estimula a fazer novas descobertas; transmite conhecimento, inspira. Referência para os alunos e responsável por habilitá-los a exercer determinada função.
Arquiteto torna uma construção em realidade. Traz a noção do espaço com base nos usos, define os formatos e estabelece os materiais. A partir de cálculos, desenhos e percepções de luz, desenvolve com suas próprias mãos projetos que impactam de diferentes maneiras no dia a dia das pessoas.
Há também o profissional multifuncional. Muitos arquitetos atuam como professores, ensinando técnicas e compartilhando experiências. Conversamos com alguns deles, que opinam sobre como as escolas de arquitetura estão preparando os futuros profissionais.
Alvaro Puntoni – Grupo SP
Graduado em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP) em 1987, Alvaro Puntoni é arquiteto e sócio do escritório Grupo SP Arquitetos. É fundador e coordenador pedagógico da Escola da Cidade. Também é professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU – USP).
Para ele, o professor exerce papel primordial na formação do aluno – e na faculdade de arquitetura não é diferente. “Se entendermos que o processo de formação de um arquiteto implica necessariamente em educar o olhar para ler e compreender a realidade – utilizando de forma criativa este conhecimento no processo de transformação da matéria nos objetos, que poderão se fixar no mundo –, acredito que o professor é uma figura fundamental”.
O profissional complementa ao dizer que o professor-arquiteto tem o dever de compartilhar aquilo que sabe e expor o que não sabe; permitir que as ideias possam ser livres e não impor (a princípio) nada que constranja ou limite o aluno, além de apontar caminhos possíveis.
Quando questionado sobre o tipo de profissional que as faculdades de arquitetura estão formando, Puntoni responde que “estão aparecendo profissionais cada vez melhores e mais preparados. As escolas não formam apenas profissionais, mas também professores. Nesse sentido, as próprias escolas devem continuamente repensar e discutir formas de estarem conectadas com as questões fundamentais da nossa existência”.
Lua Nitsche – Nitsche Arquitetos
Lua Nitsche é formada em arquitetura e urbanismo na USP, em 1996. Atualmente leciona na Escola da Cidade.
A arquiteta tem a mesma opinião de Puntoni ao concordar que estão saindo da faculdade profissionais muito mais preparados para o mercado de trabalho, com mais consciência urbana e com visão em macro escala. Porém, ela diz que não é papel da instituição se adequar ao mercado, mas formar a educação dos futuros arquitetos.
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Márcio Coelho – Sguizzardi.Coelho Arquitetura: 2SMC
Márcio Coelho é formado em arquitetura e urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 2000. Desde 2001 exerce a atividade de docência. Hoje ele é professor de “Projeto de Arquitetura e Patrimônio Urbano” na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).
Para ele não resta dúvidas: o professor desempenha um papel fundamental na vida de um estudante. “Afirmo isso pela minha própria experiência. Primeiro como aluno, lembrando dos mestres que me marcaram e até hoje são as minhas grandes referências. E segundo como professor, no qual desenvolvo uma relação extremamente proveitosa, frutífera e de grande confiança com diversos alunos e ex-alunos”.
Sobre o perfil dos arquitetos em formação, Coelho diz que há uma certa quantidade preparada para os desafios da vida profissional, com interesse naquilo que está estudando, dispostos a ir a fundo em discussões e questionamentos, desenvolvendo os projetos propostos.
João Paulo Meirelles de Faria – Vereda Arquitetos
João Paulo Meirelles de Faria é sócio e fundador do escritório Veredas Arquitetos. Ele é formado em arquitetura pela USP, em 2002. Hoje ele é professor do curso de Arquitetura e Urbanismo na Escola da Cidade e, também, na Universidade São Judas.
No que diz respeito ao ensino das faculdades, Meirelles ressalta que “o professor é essencial na formação dos alunos. Acredito que o contato direto entre eles é imprescindível para o aprendizado”. Na visão dele, isso não pode ser preterido pela tecnologia – os cursos à distância são bons, mas não devem se sobressair ao aprendizado em sala de aula.
Dentro desse cenário, ele diz que o senso crítico – por exemplo, saber o que se deve projetar e como fazer – vem de um lado mais humanista do professor. Ou seja, se não existir a relação em sala de aula, pode ficar difícil para o aluno adquirir as capacidades citadas logo acima.