Como Irajá se tornou o bairro mais quente do Rio de Janeiro

Fatores urbanísticos e geográficos explicam por que Irajá foi o bairro mais quente do Rio de Janeiro em 36% dos 365 dias do ano passado
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Como Irajá se tornou o bairro mais quente do Rio de Janeiro

A baixa cobertura vegetal e a proximidade com a Avenida Brasil são dois dos fatores que explicam as temperaturas elevadas (Foto: Celso Diniz/Shutterstock)

Texto: Vinícius Veloso

02/02/2021 | 17:00 — De acordo com dados do Alerta Rio, sistema da prefeitura carioca, o bairro Irajá foi o mais quente da cidade em 2020. Entre todas as oito estações de medição distribuídas pelo município, aquela que está na região marcou as maiores temperaturas em 36% dos 365 dias do ano passado. Santa Cruz e São Cristóvão aparecem logo na sequência desse ranking. A explicação pelo calor de Irajá passa por fatores urbanísticos e geográficos.

Do ponto de vista natural, as montanhas no entorno do bairro e a distância para a orla atrapalham a circulação do ar. No entanto, as intervenções urbanas exercem o papel principal, com a baixa arborização e cobertura vegetal, a elevada ocupação do solo e a proximidade com a Avenida Brasil e outras vias expressas. 

De acordo com Andrews Lucena, doutor em Ciências atmosféricas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o calor se acumula em áreas mais urbanizadas. “Por isso, a prefeitura precisa ter algum tipo de ação para melhorar as condições dessas áreas áridas, com a criação de parques e arborização”, afirmou em entrevista concedida ao jornal Extra.

Avenida Brasil

Da mesma maneira que acontece nas demais rodovias e vias de grande circulação, a Avenida Brasil acumula muito calor. Na opinião de Lucena, a solução para o problema passa pela vegetação. Quando não for possível a arborização, uma alternativa viável é a criação de vias para a entrada da água no solo, recurso semelhante ao uso de canaletas que favoreçam a permeabilidade.

Arborização

O Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU), idealizado em 2016 pela Fundação Parques e Jardins (FPJ), já apontava para a necessidade de aumentar a área arborizada no Rio de Janeiro — com foco, principalmente, na zona norte (onde está Irajá). O estudo baseou-se em dados climatológicos, que apontam para o aquecimento da superfície nos últimos anos.

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