Cidade francesa inaugura último edifício projetado por Oscar Niemeyer

O último pavilhão de Niemeyer está no vinhedo e museu a céu aberto de arte e arquitetura, Château La Coste
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A obra foi concebida em 2012, como um presente de Niemeyer ao país que lhe acolheu durante seu exílio (Foto: Stéphane Aboudaram/Reprodução)

Texto: Naíza Ximenes
 

08/04/2022 | 17:03 — O último edifício projetado por Oscar Niemeyer foi inaugurado semana passada na França: o pavilhão de Aix-en-Provence. O falecido arquiteto brasileiro, considerado uma das figuras mais relevantes no desenvolvimento da arquitetura moderna, concebeu sua obra em 2012.

O pavilhão fica na região de Provence — berço de artistas renomados como Van Gogh, Picasso e Paul Cézanne —, no vinhedo e museu a céu aberto de arte e arquitetura, Château La Coste. A região abrigou o arquiteto no seu período do exílio do Brasil, durante a ditadura militar, e, antes de deixar a França, Niemeyer desenhou um esboço detalhado de um edifício a ser erguido no local, como um último presente para o país cujo povo e paisagens ele tanto amava.

A iniciativa surgiu de um convite ao arquiteto para projetar um espaço para as colinas do castelo da propriedade. Na época, o relato era de que ele fora imediatamente capturado pela ideia. O arquiteto, que acreditava que o vinho fosse um dos símbolos mais importantes da presença da humanidade na Terra, levou mais de um ano para criar todo um conceito e dominar o visual do novo espaço.

Quando questionado sobre quais os conceitos utilizados no projeto, Niemeyer, conhecido pelo uso de justaposição de sólidos e volumes transparentes ou o uso da água, afirmou que o pavilhão deveria ser uma construção leve e adaptada tanto à paisagem quanto à vegetação.

A propriedade já possuía mais de 200 hectares na época e, até hoje, é repleta de vinhedos, restaurantes, hotel de luxo, centro de arte e alguns pavilhões. Agora, com o pavilhão de Aix-en-Provence já construído, o local aguarda apenas a abertura ao público, já que a inauguração foi realizada com êxito.

A obra consiste em uma estrutura curva, com uma galeria envidraçada de 116 metros quadrados, auditório de 80 lugares e espelho d’água que proporciona um show de interação entre luzes e reflexos. O visitante chega ao edifício através de um caminho ondulado entre as vinhas. No interior, um mural de cerâmica vermelha inspirado em um desenho de Niemeyer adorna a única parede opaca da galeria.

O projeto do pavilhão ainda contou com a colaboração do arquiteto Jair Valera, que, hoje, dirige seu próprio estúdio de arquitetura, dedicado a dar continuidade ao legado de Niemeyer. Ele conta que os dois profissionais trabalharam juntos por mais de 30 anos — uma parceria que, segundo Valera, influenciou sua profissão e vida pessoal de forma significativa.

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