Dos 17 hectares de terreno, 6,7 deles são ocupados por áreas verdes, como prados úmidos, bosques e pântanos (Foto: Iwan Baan/Divulgação)
Texto: Naíza Ximenes
26/05/2022 | 16:00 — O dono da ferramenta de buscas mais famosa do mundo inaugurou seu primeiro campus, no Vale do Silício. O Google Bay View Campus foi projetado pela colaboração entre Bjarke Ingels Group, Heatherwick Studio e os estúdios de design e arquitetura do próprio Google. O conglomerado de três edifícios foi criado a partir dos requisitos de inovação, natureza e comunidade.
Os espaços internos foram projetados para serem ambientes de colaboração e foco, exigindo, assim, flexibilidade e facilidade de uso. Além disso, uma proposta secundária na concepção do projeto foi a de definir novos padrões de sustentabilidade para construção e para modelos de escritórios, de forma que o conceito pudesse manter uma identidade coerente.
Pensando nisso, a primeira consideração no projeto foi acerca do tamanho do terreno: são 17 hectares no total, sendo 6,7 deles ocupados por áreas verdes, como prados úmidos, bosques e pântanos. As grandes estruturas, por sua vez, ocupam 80 mil metros quadrados — ou 8 hectares — de espaços abertos.
Partindo para a idealização dos prédios, os arquitetos optaram pela construção com apenas dois pavimentos, sendo que, nos três edifícios, o nível superior é dedicado a mesas de trabalho e espaços coletivos, ao passo que o inferior é dedicado a espaços de reunião e amenidades — e todos com coberturas e estruturas leves.
Essa divisão entre ambientes emprega até uma psicologia relacionada à decoração e ambientação dos espaços: os pavimentos são conectados por vários pátios, que, além de facilitarem o acesso a cafés e salas de conferência, criam identidade. Isso porque se estabelece uma conexão entre o movimento dos funcionários e a alternação entre atividades no próprio psicológico do indivíduo.
Além dos dois edifícios com espaços de trabalho, o local está equipado com um centro de eventos para 1.000 pessoas e 240 unidades de acomodação de curto prazo para os funcionários.
Sustentabilidade
Toda a construção foi idealizada sob uma premissa sustentável: a de operar inteiramente com energia livre de carbono até 2030. Para isso, foram adicionados:
• Um sistema de estacas geométricas (tubulações que trocam calor em seu interior, utilizadas na fundação das estruturas), que reduzem as emissões de carbono em quase 50% e a água utilizada para o resfriamento em 90%;
• Sistemas de reuso hidráulico, que coletam, tratam e reutilizam águas pluviais e águas residuais, proporcionando a restauração do habitat e a proteção contra a elevação do nível do mar;
• A cobertura de 50 mil painéis solares nas telhas dos edifícios, que geram quase sete megawatts de energia — fonte energética utilizada em conjunto com a eletricidade; e
• Opacidade e abertura nas estruturas do telhado, que oferecem controle acústico ao mesmo tempo que a desobstrução proporciona luz natural nos espaços de trabalho — uma proposta que também minimiza o ganho de calor térmico.
“Nosso projeto para o novo campus Bay View é o resultado de um processo de projeto incrivelmente colaborativo. Trabalhar com um cliente tão orientado por dados como o Google levou a uma arquitetura onde cada decisão é tomada por informações duras e análises empíricas. O resultado é um campus onde as incríveis coberturas solares em grande escala coletam cada fóton que atinge os edifícios; as células de energia armazenam e extraem aquecimento e resfriamento do solo. Mesmo a vegetação naturalmente bela configura jardins com raízes que filtram e limpam a água dos edifícios. Em resumo, um campus onde a fachada frontal e posterior, a tecnologia, a arquitetura e a forma e função foram fundidos em um novo e marcante volume híbrido”, comenta Bjarke Ingels, fundador e diretor criativo da BIG-Bjarke Ingels Group.