Universidade de Virginia inova em bioconstrução e lança parede de solo vivo impressa em 3D

A nova tecnologia consiste em um método de bioconstrução que une a estrutura de edifícios com a vegetação
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Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Additive Manufacturing no início deste ano (Foto: Virginia University/Divulgação)

Texto: Naíza Ximenes

14/09/2022 | 15:55 —  A Universidade de Virgínia (UVA), nos Estados Unidos, inovou na área de bioconstrução e desenvolveu uma tecnologia de impressão 3D que une engenharia e ecologia em uma única estrutura. A parede de solo vivo, de onde brota vegetação, é inédita e possui como matéria-prima solo e sementes.

O método de edificação foi concebido pelo professor de Engenharia e Ciências Aplicadas da UVA, Ji Ma. Ele conta que a novidade permite a construção de isolantes naturais, ou seja, elementos como paredes e telhados verdes, que absorvem água da chuva. 

O processo de descoberta começou com uma pergunta, feita pelo professor: “Por que temos que fazer com que a estrutura ou o edifício seja separada da natureza em que se encontra?”. Para respondê-la, um grupo interdisciplinar da universidade testou uma série de possibilidades e, depois de algumas hipóteses, desenvolveu um protótipo que comprovou a eficácia da impressão 3D a partir de biomateriais.

A impressora (do tamanho de uma mesa, segundo o grupo) colocou duas alternativas em cheque: uma em que o solo e as sementes eram misturados antes de imprimir; e outra que propunha a aplicação do solo e das sementes em camadas sequenciais. Ambas, sem aditivo algum, tiveram sucesso.

Comprovada a eficácia dessa etapa, o grupo partiu para a segunda fase: a complexidade das estruturas. Depois de paredes, eles imprimiram cúpulas e geometrias diferenciadas, que também tiveram êxito. 

“Estamos trabalhando com solos e plantas locais misturados com água; a única eletricidade que precisamos é para mover o material e fazer funcionar uma bomba durante a impressão. Se não precisarmos de uma peça impressa ou se não tiver a qualidade certa, podemos reciclar e reutilizar o material no próximo lote de tintas”, disse Ehsan Baharlou, professor na Escola de Arquitetura da UVA que também participou da pesquisa.

De acordo com os estudos, as estruturas do solo impressas em 3D devem ser construídas com solos que retenham água, acumulem matéria orgânica e armazenem nutrientes — motivo pelo qual alguns pesquisadores apontaram as plantas que podem sobreviver com pouca água, como as suculentas, como a melhor alternativa para a iniciativa.

Além disso, o solos também precisa propiciar a fixação das plantas na estrutura impressas, para que, uma vez que tenham qualquer tamanho, não desapareçam ou sejam lavadas, ou desidratem e morram. Assim, outra alternativa considerada para compor o material foi a de vegetações que crescem em ambientes praticamente insalubres, como as que crescem sobre rochas nuas e ficam bastante expostas ao sol.

Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Additive Manufacturing no início deste ano. A equipe também trabalha em experimentos com outros materiais biodegradáveis, incluindo o cânhamo. 

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