Na disputa, os jurados consideraram obras construídas e concluídas nas Américas, entre janeiro de 2018 e dezembro de 2021 (Foto: Rafael Gamo/Divulgação)
Texto: Naíza Ximenes
22/09/2022 | 16:15 — A barragem Colosio, no México — projetada por Loreta Castro Reguera e José Pablo Ambrosi, do escritório de arquitetura Taller Capital —, foi selecionada como a melhor construção nas Américas, na categoria Práticas Emergentes do Prêmio Mies Crown Hall Americas (MCHAP) 2022.
Na disputa, os jurados consideraram obras construídas e concluídas nas Américas, entre janeiro de 2018 e dezembro de 2021. Eles anunciaram a Containing the Flood: Colosio Embankment Dam (Contendo a Inundação: Barragem do Aterro do Colosio, em português) como vencedora na última quarta-feira (21), durante o jantar de premiação do MCHAP.emerge 2022, realizado no campus histórico do Instituto de Tecnologia de Illinois.
A iniciativa foi idealizada com o intuito de solucionar problemas relacionados à infraestrutura, de forma a unir a delicadeza e a sensibilidade de uma intervenção arquitetônica com o foco principal em pessoas. “É um exemplo de como um bairro vulnerável pode ser transformado social e fisicamente, indo além da resolução de um problema técnico para oferecer aos moradores um espaço público útil, um calçadão linear e uma sombra como local de encontro”, explica Sandra Barclay, presidente do Júri MCHAP 2022.
A barragem fica em Sonora, no México, e teve as primeiras considerações voltadas à construção de um parque, ao lado da água. Depois de uma série de estudos sobre as condições hídricas e urbanas do local, a equipe optou por intervir na própria barragem ao invés de investir em um parque. Segundo eles, o objetivo era transformar o espaço em uma infraestrutura de funcionamento e um ambiente público de lazer.
Os arquitetos contaram que, apesar do número limitado de detalhes (para simplificar a construção da barragem), o processo de criação comportou três estratégias:
• Aplicação de elementos modulares na filtragem da água: com a estrutura como sistema orientador do projeto, a utilização de elementos modulares como terraços pedonais (que permitem a circulação ao redor do corpo d’água) permitiu a filtragem da água ao mesmo tempo que contém o solo instável;
• A adoção de geometria linear: utilizada como ferramenta para dialogar com o contexto e a comunidade, a cobertura triangular serve como elemento que proporciona relevância à barragem, tornando-a perceptível a partir da avenida principal. Oferece escala e fachada a toda a intervenção, ao mesmo tempo em que serve de referência para a comunidade ao reinterpretar a tipologia do edifício local; e
• Substituição da infraestrutura antiga por uma nova configuração no formato da barragem: o novo desenho evita as inundações cíclicas da área. Um sistema de plataformas inundáveis e a elevação do muro perimetral tratam dessa condição.
O júri do MCHAP 2022 é composto pela Presidente do Júri Sandra Barclay (Lima, Peru), Sócia Fundadora do Barclay & Crousse Architecture e Professora da Pontifícia Universidad Católica del Perú; Mónica Bertolino (Córdoba, Argentina), Proprietária do Estúdio Bertolino-Barrado e Professora da Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Design da Universidade Nacional de Córdoba; Alejandro Echeverri (Medellín, Colômbia), Diretor do URBAM Centro de Estudios Urbanos y Ambientales, Proprietário do Alejandro Echeverri + Valencia Architects e Professor Ilustre do TEC de Monterrey; Julie Eizenberg, FAIA (Santa Monica, EUA), Diretora Fundadora da Koenig Eizenberg Architects; Philip Kafka (Detroit, EUA), Presidente da Prince Concepts; e Dirk Denison (Chicago, EUA), Diretor do MCHAP e Professor do Illinois Institute of Technology College of Architecture.
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