Por Vinicius Carmo
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 começam nessa sexta (26), com uma cerimônia de abertura bastante diferente. Pela primeira vez não será em um estádio – as delegações desfilarão dentro de barcos no rio Sena, num trajeto de 6 km. Ao todo serão 10,5 mil atletas participantes no evento.
Mas para receber bem os protagonistas do maior evento esportivo do mundo, a organização precisa montar uma infraestrutura completa para garantir conforto, segurança e condições adequadas de treino. Nesse contexto, entra a Vila Olímpica.
A seguir, conheça um pouco sobre a “cidade” dos atletas. Entenda, também, o legado que essa construção vai deixar para a cidade de Paris.
Sobre a Vila Olímpica
Localizada na região metropolitana da capital francesa, entre Saint-Denis, Saint Ouen e L’Île-Saint-Denis, a Vila Olímpica começou a ser construída em 2021. Possui 82 prédios, 3 mil apartamentos e 7,2 mil quartos distribuídos em 300 mil m².
O complexo está preparado para receber 10,5 mil atletas, distribuídos em 207 delegações. Vale ressaltar que após o evento, a Vila Olímpica receberá as delegações para os jogos Paralímpicos. O valor total da obra está estimado em € 2 bilhões.
A Vila Olímpica foi projetada para ser ecologicamente correta e sustentável, destaca Yann Krysinski – gerente de operações da SOLIDEO, empresa encarregada de entregar as instalações olímpicas.
“Ao construir estes edifícios, fomos cautelosos quanto à nossa pegada de carbono e utilizamos muitos materiais naturais. Todos os prédios têm menos de 20 m de altura, e possuem madeira nas fachadas e, muitas vezes, nas estruturas e nos pisos”.
O funcionamento é com energia 100% renovável. Painéis solares foram adicionados no topo dos prédios, nos espaços verdes, e na encosta que desce até as margens do rio Sena. E mais: todos os alimentos que serão consumidos provêm de fontes sustentáveis e certificadas.
O projeto foi pensado para se adaptar às condições climáticas previstas para 2050, com elementos que ajudarão a minimizar as alterações climáticas, como a vegetação e a água nas áreas públicas.
No quesito mobilidade, foram construídas rampas junto às escadas. Explica Laurent Michaud – diretor das aldeias olímpicas e paralímpicas de Paris 2024, pela SOLIDEO.
“Será instalado um sistema de transporte por causa de algumas das áreas elevadas da aldeia. Existem cerca de 50 m de diferença de altura entre as margens e a área de transporte. Por isso, era importante garantir que as pessoas com mobilidade reduzida pudessem circular e deslocar-se facilmente de uma parte para outra”.
Outro local a ser destacado é o Centro Multicultural do COI (Comitê Olímpico Internacional), que possui mesquita, sinagoga e igreja católica para que os atletas possam praticar as mais diversas religiões.
Polêmica da refrigeração
Apesar da grande infraestrutura, há diversas polêmicas, como a ausência de ar-condicionado nos quartos. Alguns chefes de delegações reclamaram sobre a ausência do aparelho, porém a SOLIDEO explicou que os materiais introduzidos na estrutura dos prédios vão manter as temperaturas agradáveis e, consequentemente, com menos gastos de energia.
“Projetamos esses edifícios para que fossem locais confortáveis para se viver no verão. Não precisamos de ar-condicionado nesses edifícios porque orientamos as fachadas para que não recebessem muito sol”, afirma Krysinski.
Vale lembrar que os jogos acontecerão durante o verão francês, com temperaturas que podem passar de 40°C.
Os prédios da Vila Olímpica formam blocos separados, o que permite a circulação de correntes de vento. Inclusive, a região onde o empreendimento está localizado é ligada à rede de refrigeração urbana, um sistema que bombeia a água do Rio Sena para tubulações subterrâneas, que consegue reduzir a temperatura em até 6ºC em relação ao ambiente exterior (mais de 700 prédios de Paris são resfriados por esse sistema, incluindo o museu do Louvre e a Assembleia Nacional).
Brasil é homenageado na Vila Olímpica
O Brasil é um dos países homenageados na Vila Olímpica. Os prédios das delegações da Albânia, do Chile, da Finlândia e dos Refugiados ficam na Rue du Dr Sócrates, referência ao ex-jogador de futebol.
Na placa é possível visualizar a data de nascimento e de falecimento, além do nome completo de Sócrates. Uma frase em francês diz que Sócrates foi “jogador da seleção brasileira e fundador da Democracia Corintiana”. A rua foi inaugurada por Raí, irmão de Sócrates e ídolo do time PSG.
Maior delegação presente nas Olimpíadas, os Estados Unidos têm um prédio no meio da Vila Olímpica, com uma fachada que traz as fotos de lendas do esporte, como Michael Phelps, Michael Jordan, Carl Lewis e Allyson Felix.
A entrada dos prédios é permitida apenas a atletas e convidados da delegação, mas da porta é possível ver uma academia, que concorre em tamanho com a academia geral da Vila.
Vila Olímpica pós Paris 2024
Até 2025, as instalações da Vila Olímpica serão vendidas e convertidas em moradias e escritórios, que acolherão 6 mil residentes e outras 6 mil pessoas que terão lá o seu local de trabalho.
O complexo terá apartamentos, academias, espaços verdes e até lojas e serviços à disposição da comunidade local.
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