Arquiteto negro ganhará escultura no Centro de São Paulo

A peça será uma homenagem a Joaquim Pinto de Oliveira e poderá ser visitada a partir de 5 de dezembro na Praça Clóvis Bevilácqua
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A arquiteta Francine e o artista plástico Lumumba trabalharam juntos no monumento em homenagem a Joaquim Pinto de Oliveira, o Tebas (foto: Marcel Farias) 

Texto: Lucas Barbosa 

27/10/2020 | 16:40 – A Praça Clóvis Bevilácqua, localizada no centro de São Paulo, ganhará uma estátua no dia 20 de novembro – Dia da Consciência Negra – que celebra o legado arquitetônico de Joaquim Pinto de Oliveira (1721 – 1811). Ex-escravo, era conhecido pela alcunha de Tebas, que significa, na língua quimbundo, alguém de grande habilidade. Em 2018, após mais de dois séculos de sua existência, ele foi chancelado pelo Sindicado dos Arquitetos no Estado de São Paulo (Sasp).

A peça é criação do artista plástico Lumumba Afroindígena em parceria com a arquiteta Francine Moura, e objetiva firmar e reverberar a expertise e modernidade do legado de Tebas, revelando de modo artístico a sua produção tecnológica sofisticada para a época. Também pretende propor uma reflexão que recobra a relevância da ocupação territorial preta na área central da cidade.

“Participar do monumento ao Tebas após convite irrecusável do meu amigo Lumumba tem dimensão simbólica muito forte para mim enquanto arquiteta negra. Contribuir para o reconhecimento do trabalho deste arquiteto nos impulsiona a seguir seu legado” disse Moura.

A inauguração oficial do monumento será em 5 de dezembro durante a sexta edição da Jornada do Patrimônio, que terá como tema “Nossa Cidade, Nossas Memórias”.

Saiba mais sobre Joaquim Pinto de Oliveira 

Nascido da cidade de Santos, Tebas foi trazido para a capital pelo mestre pedreiro português Bento de Oliveira Lima, seu senhor, em 1740. Ele possuía uma exímia habilidade na técnica da cantaria, o talhar de blocos de pedras, e logo passou a ser disputado pelos templos católicos na São Paulo do Brasil-Colônia. A ideia das ordens religiosas era substituir a taipa de pilão – método construtivo tradicional – para adornar com detalhamento mais requintado as fachadas das igrejas do triângulo histórico paulistano. Tebas construiu a primeira torre da Matriz da Sé (1750) e, em 1769, a reformou. Além disso, comprou a própria alforria, aos 57 anos de idade, 110 anos antes da abolição da escravidão.

Ele também concebeu os ornamentos originais dos conventos da Ordem 3ª do Carmo (1775-1778), Ordem 3ª do Seráfico Pai São Francisco (1783) e Mosteiro de São Bento (1766 e 1798). Tebas ainda construiu a fonte pública “Chafariz de Tebas” (1791), no Largo da Misericórdia, na região central de São Paulo.

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