Diébédo Francis Kéré é o vencedor do Pritzker 2022

Natural de Burkina Faso, no oeste da África, o profissional se destaca por sua atuação em regiões conhecidas pelas adversidades
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Diébédo Francis Kéré

O arquiteto Diébédo Francis Kéré é o primeiro negro a receber o Prêmio Pritzker (Foto: Lars Borges)

Texto: Vinícius Veloso

16/03/2022 | 16:31 — Na última terça-feira (15), Diébédo Francis Kéré fez história ao se tornar o primeiro negro a receber o Pritzker. Natural de Burkina Faso, no oeste da África, o profissional se destaca por sua atuação em regiões conhecidas pelas adversidades. Com o aproveitamento de materiais locais para a execução de obras contemporâneas, são muitas escolas, habitações, centros de saúde e edificações públicas no portfólio do mais novo laureado pelo reconhecimento máximo da arquitetura mundial. Ele é o 51º nome a entrar na seleta lista de detentores da premiação.

“Espero mudar o paradigma e estimular as pessoas a arriscar e sonhar. Não é porque você tem muito dinheiro que deve desperdiçar materiais. Não é porque você tem poucos recursos que deve abrir mão de projetos de qualidade”, destaca Kéré, ressaltando que todos merecem o melhor. “O mundo inteiro deve ter acesso ao luxo e ao conforto. Estamos interligados, e as preocupações com o clima, a democracia e a escassez são comuns a todos nós”, complementa.

Já Tom Pritzker, presidente da The Hyatt Foundation — patrocinadora da premiação —, considera que Francis Kéré pratica um trabalho pioneiro e sustentável. “Ele é igualmente arquiteto e servidor, aprimorando a vida e as experiências de inúmeras pessoas em uma região do planeta que às vezes é esquecida”, expõe. Para ele, Diébédo graciosamente defende a missão do prêmio através de edifícios que demonstram beleza, ousadia, modéstia e invenção.

Diébédo Francis Kéré

O arquiteto nasceu em 1965, no povoado de Gando, sendo o filho mais velho do chefe da aldeia. Primeiro membro da comunidade a frequentar a escola, foi na sala de aula que Francis Kéré teve os contatos iniciais com a arquitetura, isso porque o espaço não possuía nem luz natural, nem ventilação. Outra lembrança da infância é o local em que sua avó o recebia para lhe contar histórias, um ambiente pouco iluminado, mas que transmitia a sensação de segurança.

Quando completou 20 anos, Diébédo se mudou para Berlim, na Alemanha, depois de conquistar uma bolsa de estudos. Nos primeiros anos na Europa, a rotina se dividia entre a fabricação de móveis e telhados durante o dia, e o curso de arquitetura na Technische Universität Berlin realizado no período noturno. Enquanto estava na faculdade, ele criou a Fundação Kéré para defender o direito das crianças de terem uma sala de aula confortável.

O seu primeiro projeto foi a Escola Primária Gando, construída no ano de 2001 em seu povoado natal e erguida à mão pelos moradores locais. A obra apresenta formas inventivas que misturam a engenheira moderna e materiais vernaculares. O trabalho rendeu para Diébédo o Prêmio Aga Khan de Arquitetura em 2004. Pouco tempo depois, o arquiteto resolveu abrir seu escritório próprio em Berlim, o Kéré Architecture, que assina diversos edifícios nas áreas de ensino e de saúde em Burkina Faso, Moçambique, Quênia e Uganda.

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