As comunidades beneficiadas vivem às margens do Rio Negro, na Amazônia (Foto: Uatumã/Litro de Luz – Divulgação)
Texto: Naíza Ximenes
05/05/2022 | 15:25 — A ONG Litro de Luz levou energia fotovoltaica a mais de 170 famílias de comunidades ribeirinhas da Amazônia, uma iniciativa sustentável realizada em apenas três dias. Foram mais de 670 pessoas beneficiadas, que viram os geradores a diesel — que proporcionava apenas algumas horas de energia por dia — serem substituídos pela energia solar.
As comunidades beneficiadas vivem às margens do Rio Negro, na Amazônia — a exemplo de Nova Canaã do Aruaú, Nova Jerusalém e Lindo Amanhecer. A iniciativa contou com o apoio da Audi do Brasil e Audi Environmental Foundation, que, juntas, substituíram os geradores, construíram mais de 30 postes solares e ensinaram a população a montar mais de 150 lampiões fotovoltaicos.
As antigas máquinas, além de gerar muita poluição, barulho e mau cheiro, quebravam com frequência e deixavam a população sem eletricidades por meses. Alguns dos moradores relatam, inclusive, que essa realidade afetava até as refeições que realizavam: caso o prato incluísse peixe, por exemplo, eles deveriam se alimentar enquanto ainda estivesse claro — já que, ao anoitecer, ficava impossível de encontrar as espinhas.
Apesar de toda a proposta ter sido implantada em apenas três dias, a ação começou muito antes da chegada dos voluntários. A ONG realizou uma série de visitas prévias no local, para decidir os locais de instalação dos postes, as famílias que participariam da montagem dos equipamentos, capacitar os moradores tecnicamente e envolver a comunidade nas etapas do processo.
A estratégia de incluir os moradores na montagem dos equipamentos é, inclusive, uma forma de estimular o cuidado com os novos aparatos. “Quando eles montam os lampiões e postes, criam um senso de dono e passam a cuidar melhor de cada equipamento. É uma construção conjunta”, explica Samara Nogueira, voluntária que saiu do Rio de Janeiro para auxiliar a iniciativa.
Entre os benefícios da instalação dos postes solares estão a redução da criminalidade, já que as comunidades ficam iluminadas à noite, e a redução da taxa de mortalidade da região: só a possibilidade de enxergarem por onde passam já evita que os moradores pisem em escorpiões, cobras e outros animais venenosos. Além disso, as famílias comemoram a possibilidade de realizar tarefas simples à noite (como o simples ato de estudar ou de trabalhar em casa) ao aprenderem a confeccionar seus próprios lampiões.
Ação contínua
A ONG fez questão, ainda, de estabelecer métodos para a manutenção correta dos postes: além de os moradores terem sido instruídos para administrar os ajustes necessários, eles ainda receberam equipamentos extras para possíveis trocas. Caso seja preciso realizar a substituição de baterias, a coleta e o descarte também devem seguir parâmetros ecológicos: eles só recebem um equipamento novo se descartarem o antigo em postos de reciclagem.
“Garantir que este material tenha o tratamento correto era uma das nossas preocupações. São baterias de alta performance e durabilidade, similares às que usamos nos nossos carros, mas em algum momento vão precisar ser trocadas”, explica Antônio Calcagnotto, diretor da Audi Brasil.