Pesquisadores constroem casa usando terra, água, babosa e clara de ovo

Segundo os pesquisadores do Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha, na Espanha, a construção é composta por terra e água obtidas no local, misturadas com aditivos e enzimas
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O intuito dos pesquisadores era elaborar um protótipo de habitação sustentável, passível de construção em todo o mundo, com sistema rápido e fácil (Foto: Gregori Civera e Mehdi Harrak/Divulgação)

Texto: Naíza Ximenes

16/09/2022 | 17:01 —  Pesquisadores do Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha (IAAC), em uma iniciativa que reúne velhas e novas técnicas construtivas, ergueram uma pequena casa a partir de impressão 3D. O material utilizado foi descrito como inovador, já que consiste em um composto de terra, água, babosa e clara de ovo, misturado com aditivos e enzimas.

Batizada de TOVA, a composição que integra a estrutura foi elaborada seguindo os estudos acerca das propriedades do solo local (extraindo materiais em um raio de, no máximo, 50 metros), para atingir a mistura adequada em percentuais de argila e água. Babosa e clara de ovo, por sua vez, foram empregadas para garantir durabilidade e resistência às diferentes condições ambientais, atuando como um revestimento impermeável. Assim, assegura-se a integridade estrutural e a elasticidade do material, necessárias para a impressão 3D otimizada.

“Trata-se de um protótipo que representa a ponte entre o passado – arquitetura vernacular de barro – e o futuro – tecnologia de impressão 3D em larga escala – que não só servirá para mudar a arquitetura do futuro, mas também será muito útil para enfrentar o clima atual e a crise habitacional em todo o mundo”, afirma o Instituto.

São 9 metros quadrados de uma casa com fundação feita de geopolímero e telhado de madeira. “As paredes são projetadas para serem contraventadas com juntas em ‘T’ e ‘L’, em vez de linhas retas. O espaço interior fechado é habitável, resistente às intempéries e adaptado climaticamente pelas várias intervenções de design”, explica a equipe do projeto.

Todo o processo buscou eliminar desperdícios e emissões poluentes, buscando o status de construção de baixo carbono. O desenho do edifício considerou, ainda, as condições climáticas do Mediterrâneo — responsável pelo volume compacto da construção, para proteger do frio no inverno, mas expansível durante as outras três estações do ano.

Ainda seguindo o raciocínio, as paredes foram construídas com reentrâncias ao longo da estrutura, de forma que o fluxo de ar fique contido e permita isolamento. No inverno, evita-se a perda de calor, e no verão, protege a casa da radiação soar. 

A construção, que levou sete semanas para ficar pronta, foi construída em Barcelona por um grupo de estudantes e profissionais do programa de pós-graduação em Arquitetura de Impressão 3D do Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha (IAAC).

O intuito dos pesquisadores era elaborar um protótipo de habitação sustentável, passível de construção em todo o mundo, com sistema rápido e fácil. A novidade garantiria, ainda, o acesso à habitação em áreas vulneráveis ou assentamentos temporários, por exemplo.

“As aplicações possíveis deste modelo de construção são infinitas; desde casa a espaços públicos, interiores e exteriores. Em combinação com outros sistemas construtivos, pode acomodar edifícios complexos e inovadores que reduziriam o impacto ambiental que a construção atualmente acarreta”, exemplifica o Instituto espanhol.

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