América Latina ganha o primeiro arranha-céu de madeira

O “Projeto Tamango”, da Tallwood Architects, está sendo construído na Patagônia Chilena
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Segundo os idealizadores, o intuito da iniciativa tem sido evoluir em soluções sustentáveis, que seguem um processo de design integrado, através de todos os estágios de um projeto arquitetônico (Foto: Tallwood/Divulgação)

Texto: Naíza Ximenes

30/11/2022 | 17:12 — O escritório de arquitetura Tallwood Architects iniciou a construção do primeiro arranha-céu em madeira da América Latina. Batizado de Projeto Tamango, ele fica na Patagônia Chilena, na cidade de Coyhaique. 

O edifício terá 12 andares, com uma estrutura de madeira engenheirada, que é montada em um processo seco, silencioso e sem a geração de resíduos.

A cidade já incorporou o método de construção a partir da madeira laminada cruzada (CLT) há algum tempo, principalmente para compensar a grande quantidade de CO2 que emite, devido à queima da lenha para aquecimento interno das residências. Contudo, esta é a primeira vez que arquitetos investem em um projeto tão grande com o método. 

Segundo os idealizadores, o intuito da iniciativa tem sido evoluir em soluções sustentáveis, que seguem um processo de design integrado, através de todos os estágios de um projeto arquitetônico. 

Para isso, eles levaram em conta que, durante a fabricação da madeira, cada quilograma captura 1,8 kg de CO2 — o que contribuiria para amenizar o fato de Coyhaique ter um dos maiores índices de contaminação da América Latina. Além disso, também reiteraram que o material possui excelentes propriedades térmicas e higroscópicas (a capacidade de manter e liberar a umidade) quando aplicado em um edifício, desempenhando papel essencial na eficiência energética da construção e no conforto do usuário.

Assim, invertendo o processo tradicional, o projeto de Tamango incorpora uma equipe multidisciplinar — integrada por engenheiros estruturais, especialistas em prevenção de incêndio, eficiência energética e acústica — que analisou todos os resultados possíveis desde o início do processo. 

Simultaneamente, o projeto desenvolveu um estudo de envoltórias térmicas com especialistas em eficiência energética do Chile, Finlândia e Canadá, com o objetivo de criar um edifício alto com estratégias sustentáveis que ajudem na descontaminação da área. 

Usando as mais recentes inovações para unir camadas de madeira, foram criados diferentes produtos de madeira engenheirada, com tamanhos ajustáveis e apropriados para painéis, pilares e vigas — permitindo sistemas de alta resistência (como concreto e aço), mas em pesos significativamente mais leves. 

De acordo com a Engineered Wood Association, os painéis de CLT são compostos por várias camadas prensadas (geralmente três, cinco, sete ou nove) com tábuas de madeira empilhadas em direções alternadas, unidas com adesivos estruturais. Uma vez no canteiro de obras, esses painéis têm sido unidos com rapidez e eficiência, como um quebra-cabeças.

Por fim, durante o processo projetual, foi desenvolvida uma estratégia de eficiência energética que criou aquecimento a partir de bombas elétricas e uma pele térmica que economiza 75% das despesas no aquecimento mensal e 60% da economia de energia em contraste com projetos de habitação equivalentes. Além disso, se o ciclo de vida do edifício terminar, seus elementos estruturais serão fáceis de desmontar e ficarão disponíveis para reutilização em projetos futuros.

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